coleciono domingos desde que entendi: os domingos existem. verdade que vez em quando eles acontecem nas segundas ou quartas, talvez até numa fresta de tempo de uma quinta de manhã. fato é, aos domingos os minutos se espreguiçam antes de levantar. em caso de chuvinha miúda, podem até continuar ali, contando o plin-pom-plim-plim-pom e pensando que sonhar é uma coisa mágica, um filme que a cabeça produz e encena sozinha, sem medo algum de cortes de orçamento, pois de um voo de balão se vai para uma caminhada na savana com elefantes rosa pink, e, em um piscar de olhos, já se está dançando em um céu de estrelas cadentes. aliás, é preciso que se diga, o cérebro é um cineasta sem compromisso algum com a realidade. se tiver sol, os domingos exigem que se abra todas as janelas da casa (ou se feche por conta do calor absurdo, uma pena). convém pedir perdão ao clichê e colocar na vitrolinha a gal cantando tim maia, sem esquecer de cantar a plenos pulmões quando chegar naquela parte, sabe? "faz de conta que ainda é cedo-u-uhu". ainda no ritmo, subir em um banquinho de madeira (feito pelo philippe), pegar a tacinha de festa e nela servir uma mimosa com mais espumante do que suco de laranja. se por acaso tiver um pão no freezer, perfumar a casa com ele, enquanto aceita a ideia da mimosa e envia mensagem (nao gosto de áudio) usando palavras imensas: saudade, beijo, gargalhada. em ambos os casos, existir sentindo muito. olhar em nossos olhos, abrir livros de poesia, ter saudade de chicabon, colocar os pés pra cima, anotar no bloquinho "o domingo é sentimento", escolher um filme francês, cochilar sem culpa alguma e decidir que segunda tal coisa será resolvida. sem falta. mas só na segunda. porque hoje é domingo. domingo a gente vive. e, então, coleciona.



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