Caminhante, não há caminho
Tudo passa e tudo fica
porém o nosso é passar,
passar fazendo caminhos
caminhos sobre o mar
Nunca persegui a glória
nem deixei na memória
dos homens minha canção
eu amo os mundos sutis
leves e gentis,
como bolhas de sabão
Gosto de vê-las pintar-se
de sol e graná, voar
abaixo o céu azul, tremer
subitamente e quebrar-se…
Nunca persegui a glória
Caminhante, são tuas pegadas
o caminho e nada mais;
“Caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar…”
Ao andar faz-se caminho
e ao voltar a vista atrás
se vê a estrada que nunca
se há de voltar a pisar
Caminhante não há caminho,
senão rastros no mar…
Há algum tempo neste lugar
onde hoje os bosques se vestem de espinhos
ouviu-se a voz de um poeta gritar
“Caminhante não há caminho,
faz-se caminho ao andar…”
Golpe a golpe, verso a verso…
Morreu o poeta longe do lar
cobre-lhe o pó de um país vizinho.
Ao afastar-se viram-no chorar
“Caminhante não há caminho,
faz-se caminho ao andar…”
Golpe a golpe, verso a verso…
Quando o pintassilgo não pode cantar.
Quando o poeta é um estranho.
Quando de nada nos serve rezar.
“Caminhante não há caminho,
faz-se caminho ao andar…”
🌄 li na pagina do jr duran. nos comentarios tinha a poesia toda. antonio machado escreveu e me encantei.
~ a foto é repostada em p&b. foi um por de sol que encontramos no caminho em uma tarde dessas que a vida da pra gente.
No comments:
Post a Comment